sexta-feira, 4 de dezembro de 2009 0 comentários

Contribuições de Emília Ferreiro

" Ler não é decifrar, escrever não é copiar".













Emilia Ferreiro, a psicolingüista argentina, discípula de Jean Piaget, revolucionou o conhecimento que se tinha sobre a aquisição da leitura e da escrita quando lançou, com Ana Teberosky, o livro Psicogênese da Língua Escrita, em que descreve os estágios pelos quais as crianças passam até compreender o ler e o escrever. Crítica ferrenha da cartilha, ela defende que os alunos, ainda analfabetos, devem ter contato com diversos tipos de texto. Passadas mais de duas décadas, o tema permanece no centro dos interesses da pesquisadora, que se indigna com quem defende o método fônico de alfabetização, baseado em exercícios para treinar a correspondência entre grafemas e fonemas.

Emilia Ferreiro considera a alfabetização não um estado, mas um processo que tem início bem cedo e não termina nunca. "Nós não somos igualmente alfabetizados para qualquer situação de uso da língua escrita. Temos mais facilidade para ler determinados textos e evitamos outros. O conceito também muda de acordo com as épocas, as culturas e a chegada da tecnologia" - Afirma.

Autora de várias obras, muitas traduzidas e publicadas em português, já esteve algumas vezes no país, participando de congressos e seminários. Falar de alfabetização, sem abordar pelo menos alguns aspectos da obra de Emilia Ferreiro, é praticamente impossível. Ela não criou um método de alfabetização, como ouvimos muitas escolas erroneamente apregoarem, e sim, procurou observar como se realiza a construção da linguagem escrita na criança.

Os resultados de suas pesquisas permitem, isso sim, que conhecendo a maneira com que a criança concebe o processo de escrita, as teorias pedagógicas e metodológicas, nos apontem caminhos, a fim os erros mais freqüentes daqueles que alfabetizam possam ser evitados, desmistificando certos mitos vigentes em nossas escolas.

Aqueles que são, ou foram alfabetizadores, com certeza, já se depararam com certos professores que logo ao primeiro mês de aula estão dizendo, a respeito de alguns alunos: não tem prontidão para aprender, tem problemas familiares, é muito fraca da cabeça, não fez uma boa pré-escola, não tem maturidade para aprender e tantos outros comentários assemelhados. Outras vezes, culpam-se os próprios educadores, os métodos ou o material didático. Com seus estudos, Ferreiro desloca a questão para outro campo: " Qual a natureza da relação entre o real e sua representação? " As respostas encontradas a esse questionamento levam, pode-se dizer, a uma revolução conceitual da alfabetização.

A escrita da criança não resulta de simples cópia de um modelo externo, mas é um processo de construção pessoal. Emilia Ferreiro percebe que de fato, as crianças reinventam a escrita, no sentido de que inicialmente precisam compreender seu processo de construção e suas normas de produção. " Ler não é decifrar, escrever não é copiar". Muito antes de iniciar o processo formal de aprendizagem da leitura/escrita, as crianças constroem hipóteses sobre este objeto de conhecimento.


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Níveis de aquisição da escrita.

Níveis de aquisição da escrita - Livro - Psicogênese da Língua Escrita - Emília Ferreiro e Ana Teberosky.

As fases de aquisição da escrita, segundo Emília Ferreiro, são:
1) fase pré-silábica
2) fase silábica
3) fase silábica-alfabética
4) fase alfabética
Cada fase com suas características:
1) Fase pré – silábica
- Sabe que a escrita é uma forma de representação;
- Pode usar letras ou pseudoletras, garatujas, números;
- Não compreende que a escrita é a representação da fala;
- Organiza as letras em quantidade ( mínimo e máximo de letras para ler);
- Vai direto para o significado, sem passar para sonora;
- Variação de letras – ALSI (elefante);
- Relaciona o tamanho da palavra com o tamanho do objeto (Realismo Nominal).
2) Fase silábica
A) Sem valor sonoro:
- Ainda não faz relação com o som com a grafia.
- Usa uma letra para representar cada sílaba, sem se preocupar com o valor sonoro.
Exemplos:
BOLA __PT
CAVALO___BUP
B) Com valor sonoro:
- A escrita representa a fala;
- Percebe a relação de som com a grafia;
- Escreve uma letra para cada sílaba.
Exs.:
BOLA____OA ( valor sonoro só nas vogais )
BOLA____BL ( só usa consoantes )
3) Fase silábica-alfabética
- Apresenta a escrita algumas vezes com sílabas completas e outras incompletas;
- Alterna escrita silábica com alfabética.
Exs.:
CAVALO_____CVLU
TOMATE_____TOMT
4) Fase alfabética
- Faz a correspondência entre fonemas (som) e grafemas (letras);
- Escreve como fala.
Exs.:
CAVALO _______KAVALU
TOMATE_______ TUMATI



"... A minha contribuição foi encontrar uma explicação segundo a qual, por trás da mão que pega o lápis, dos olhos que olham, dos ouvidos que escutam, há uma criança que pensa"
(Emília Ferreiro)

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Projeto: Aprender sempre para ensinar mais.

I. DADOS DA INSTITUIÇÃO EXECUTORA

NOME DA INSTITUIÇÃO - Prefeitura Municipal de Cruz

CNPJ - 076639170001-15

I. DADOS DA INSTITUIÇÃO EXECUTORA

NOME DA INSTITUIÇÃO -

I. DADOS DA INSTITUIÇÃO EXECUTORA

NOME DA INSTITUIÇÃO - Prefeitura Municipal de Cruz

CNPJ - 076639170001-15

Endereço - Praça dos Três Poderes, Aningas, s/n

Cidade – Cruz / Estado - Ceará

CEP - 62595-000

Telefone - (88) 3660-1277

E-mail - prefeitura@cruz.ce.gov.br

Site - www.cruz.ce.gov.br

SECRETARIA RESPONSÁVELSecretaria da Educação

Endereço - Praça dos Três Poderes, Aningas, s/n

Cidade – Cruz / Estado - Ceará

CEP - 62595-000

Telefone - (88) 3660-1260

E-mail - secretariadaeducacao@cruz.ce.gov.br

II. IDENTIFICAÇÃO DO PROJETO

2.1. NOME DO PROGRAMA E TÍTULO DO PROJETO

PROGRAMA DE FORMAÇÃO CONTINUADA DOS PROFISSIONAIS DO MAGISTÉRIO - APRENDER SEMPRE PARA ENSINAR MAIS.

2.2. PÚBLICO-ALVO ATENDIDO PELA ATIVIDADE

Professores das escolas públicas municipais.

2.3. PERÍODO DE EXECUÇÃO:

Fevereiro a dezembro.

III. CONCEITUAÇÃO E JUSTIFICATIVA

Nas últimas décadas, em decorrência das mudanças sociais, econômicas e culturais, o mundo todo tem prestado mais atenção na educação, especialmente a que se desenvolve nos sistemas escolares, submetendo-a a uma análise pública constante. O resultado desse interesse tem se consubstanciado em reformas educativas, desencadeadas em grande número de países. Nesse contexto, as questões relativas à atuação e à formação docente estão no centro de amplas discussões.

As mudanças exigidas pelas reformas educacionais incidem sobretudo, na formação dos profissionais da educação. Aprender a aprender e continuar aprendendo durante toda a vida profissional é uma competência exigida não só para os alunos da educação básica mas para todos os profissionais que estão inseridos no mundo do trabalho.

A LDB, em consonância com essa demanda atual do mundo do trabalho, afirma que os sistemas de ensino deverão promover a valorização dos profissionais da educação, assegurando-lhes “aperfeiçoamento profissional continuado.”

A mudança no perfil e nas incumbências do professor, exigidas pela LDB e pela reforma educacional em implementação, são um bom exemplo da necessidade de os profissionais e as instituições serem flexíveis para poder acompanhá-las, e um bom exemplo da necessidade de se continuar aprendendo. Se é verdade que é necessário se rever a formação inicial dos professores é também verdade que as escolas e os professores em exercício em exercício devem se atualizar frente às novas demandas. Estamos portanto, no âmbito de formação continuada.

Sacristán (1990) considera que a formação de educadores tem se constituído em “uma das pedras angulares imprescindíveis a qualquer intento de renovação do sistema educativo”, o que nos ajuda a entender a importância que esta temática vem adquirindo nas últimas décadas , em meio aos esforços globais para melhorar a qualidade do ensino. Nos processos de reformas educativas ela é, então, colocada como elemento central. Nesse contexto, discutir a formação do professor é discutir como assegurar um domínio adequado da ciência, da técnica e da arte da profissão docente, ou seja, é tratar da competência profissional. No seu processo de formação, o professor se prepara para dar conta do conjunto de atividades pressupostas ao seu campo profissional. Atualmente, concebe-se essa formação voltada para o desenvolvimento de uma ação educativa capaz de preparar seus alunos a compreensão e transformação positiva e crítica da sociedade em que vive. Assim sendo, deve se estruturar a formação continuada de forma a criar oportunidades para o docente repensar constantemente seu fazer pedagógico.

Segundo Cristovam Buarque, o mais importante desafio da eduçação contemporânea é formar um nove tipo de professor. Mais até: inventar um novo tipo de professor. Para ele, a formação do professor enfrenta, portanto, cinco desafios:

  • os novos equipamentos;

  • a dinâmica do conhecimento;

  • a presença da mídia;

  • a ausência da família;

  • o conhecimento precoce e a priori dos alunos.

Por isso, nunca foi tão fundamental a formação do professor.

Diante de tais princípios, a proposta da Secretaria de Educação Municipal no âmbito de Formação Continuada é formar a princípio os Coordenadores Pedagógicos em encontros presenciais mensais, para que esses profissionais possam auxiliar positivamente os docentes em sala de aula e assim , contribuir com a Formação dos Profissionais do Magistério de sua rede de ensino, disponibilizando mensalmente artigos e reportagens dentre outros, para estudo e reflexão nos momentos de planejamento.

A escola é o local privilegiado para a formação continuada uma vez que:

  • a formação deve ser dirigida à equipe de professores;

  • deve ser realizada em horário de trabalho, pois faz parte da atuação docente;

  • precisa conceder um papel protagonista à equipe, no planejamento e na realização de atividades de formação;

  • é necessário reconhecer que as tarefas de formação permanente são um instrumento básico para garantir o desempenho profissional.

A escola como contexto de formação em serviço deverá planejar momentos de acordo com as necessidades de seus profissionais, oportunizando-lhes a leitura e reflexão de outras fontes, tais como:"Revista Nova Escola, pesquisas na Internet (Portal do Professor)...". Tudo isso implicará em formas variadas de reproduzir reflexões sobre que foi estudado. Algumas possibilidades:organizar grupos de estudo por modalidade; interpretar e contextualizar as idéias contidas nos textos para a sua realidade; produzir e apresentar seminários, artigos, resumos, resenhas, relatórios...;discutir e expor projetos ou tipos de atividades realizadas por colegas da mesma turma, aréa ou disciplina.

Por tudo, pode-se afirmar que a formação continuada deve ser considerada como um dos elementos do Projeto Pedagógico da escola, cujo objetivo é potencializar a reflexão e a elaboração das equipes sobre a prática. Organizar e gerir o ensino, baseando-se na reflexão e tomada de decisões conjunta dos professores, implica numa política da instituição escolar de explicitar e enfrentar os problemas da equipe como norma de atuação profissional, pois tem como objetivo o aperfeiçoamento da prática educativa e o crescimento profissional.

IV. META

Promover em parceria com o Núcleo Gestor das escolas momentos de Formação Continuada para 100% dos Profissionais do Magistério.

VII. OBJETIVO GERAL

Planejar e desenvolver o Programa de Formação Continuada dos Profissionais do Magistério, oferecendo possibilidades de estudo, reflexão e troca de experiências.

VIII. OBJETIVOS ESPECÍFICOS

  • Dar condições de aperfeiçoamento, reproduzindo mensalmente textos reflexivos para estudo com os profissionais nos momentos de planejamento;

  • Reproduzir materiais de uso social ( reportagens, artigos, entrevistas de revistas, jornais, palestras educativas, documentários, músicas pedagógicas...) para dinamizar os momentos de estudo;

  • Criar oportunidades para que os professores reflitam as ações de ensinar e aprender, como forma de redimensionar a ação educativa;

  • Ler, interagir e desenvolver novas alternativas pedagógicas, através do intercâmbio de experiências entre docentes de diferentes espaços;

  • Estimular a ação docente, compartilhando informações e sugestões para entender o “como fazer”;

  • Desenvolver profissionais comprometidos e envolvidos com a tarefa de ensinar e com seus alunos.

IX. METODOLOGIA

Será estudado artigos ou reportagens de um autor a cada ano. Em 2009, os artigos são de Júlio César Furtado (Psicólogo, pedagogo e professor - RJ). A cada estudo mensal ,os professores fazem uma reflexão respondem um questionamento fazendo sempre um paralelo entre o texto e sua prática em sala de aula. Suas produções são acompanhadas e arquivadas pelo Núcleo Gestor onde este produz um relatório final, explicitando como aconteceu o estudo, enviando para a Secretaria de Educação para que esta possa ter um perfil do que de fato, está sendo desenvolvido nos momentos de planejamentos.


IX.

MÊS

ESTUDO PADRONIZADO

EDUCAÇÃO INFANTIL

ENSINO FUNDAMENTAL



FEVEREIRO

Ser professor: A formação teórica, a realidade subjetiva e a prática desejada.







MARÇO


As representações sociais docentes sobre infância, criança, Educação Infantil e papel do professor.

As emoções como mediadora da aprendizagem.



ABRIL



Indagações sobre Currículo










MAIO


Quem manda é a tia: O trabalho das crianças é obedecer: A visão das crianças sobre a pré-escola.

O desafio de promover a aprendizagem significativa.



JUNHO

O papel do professor na promoção da aprendizagem significativa.







AGOSTO


Do desenho à escrita: A caracterização das personagens na reescrita de narrativas infantis.

As desaprendizagens do professor.



SETEMBRO


Canta ou vez... “Eu conto uma parte, você conta uma parte”

Avaliação e Mudança: Necessidades e Resistências.





OUTUBRO


A importância do lúdico na Educação Infantil pra o desenvolvimento cognitivo na Matemática.

A aprendizagem significativa passa pela avaliação formativa.



NOVEMBRO


Qualidade na Educação Infantil: Olhar da criança sobre pré-escola.

Formar para a inclusão ou incluir para formar?

DEZEMBRO


Palestra com o autor dos artigos estudados : Júlio Furtado.



X. AVALIAÇÃO DO PROJETO

A cada estudo realizado os professores darão seus depoimentos de como o Programa de Formação Continuada-Aprender Sempre para Ensinar Mais, tem contribuído para seu aperfeiçoamento profissional e consequentemente para a melhoria de sua prática em sala de aula. Cada escola, enviará para a Secretaria de Educação os relatos dos professores, fotografias dos momentos de estudos ou de aulas significativas ou outros documentos comprobatórios. Todo o material enviado pelas escolas e analisado pela equipe pedagógica da Secretaria de Educação e finalmente, a equipe avaliará o desenvolvimento do Projeto em cada escola e diante disso, replanejará as próximas ações.


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Video Recomeçar - Carlos Drummond.



O vídeo recomeçar é muito interessante para aberturas de encontros. Você pode fazer uma ótima reflexão a partir do texto de Carlos Drummond, grande poeta modernista.
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GESTAR II em Cruz - Ce.




SECRETARIA DA EDUCAÇÃO MUNICIPAL DE CRUZ

RELATÓRIO DA OFICINA INTRODUTÓRIA - 28/07/09


A abertura do encontro deu-se às 8:00h no Auditório Municipal Cônego Manoel Valdery da Rocha, Praça dos Três Poderes, município de Cruz/Ce. Na ocasião, estiveram presentes 70 cursistas, 02 formadores, 01 coordenador do Gestar no município, 06 técnicos da Secretaria de Educação e o Secretário de Municipal de Educação, que deu boas-vindas aos participantes, acolhendo-os com uma mensagem motivacional intitulada sapateado. Em seguida, destacou a importância do compromisso de todos os cursistas para o bom desempenho do Gestar II em nosso município. Para enfatizar ainda mais a necessidade de melhoria da aprendizagem dos alunos, apresentou os gráficos de resultados do SPAECE-2008, mostrando o crescimento do município em relação aos resultados de 2004 e 2006, estabelecendo comparativos com os resultados obtidos em 2008. O mesmo finalizou suas palavras desejando a todos bons estudos e bom Gestar, destacando que estaria disponível em ajudar a todos os cursistas, principalmente com as despesas de locomoção e alimentação.
Seguindo a pauta, a coordenadora do Gestar apresentou em slides o Programa Gestão da Aprendizagem Escolar, destacando toda a metodologia do curso, sua proposta pedagógica, dinâmica e cronograma das oficinas, explicitando a necessidade de adequações curriculares feitas pelo professor e que o material não substituiria os livros didáticos, pois servirão para complementar suas aulas. Em seguida, dividiu os cursistas nas respectivas turmas de Língua Portuguesa e Matemática e apresentou o formador de cada turma para que fosse feito o cadastro dos cursistas. Finalizou suas palavras e convidou todos para o almoço.
Na retomada dos trabalhos, cada formador ficou com sua turma e foi feita a apresentação de todos. Cada um dizia o ano que ensinava, o nome da escola e sua localidade. Após foi feito estudo detalhado do material com especificação de cada sessão e finalmente cada cursista abordou seus anseios e expectativas em relação ao curso e próximos encontros.
Foi explicado como seria cada sessão coletiva ou oficina e estudado o guia geral. A turma foi dividida em grupos para estudo do Guia Geral e logo os grupos apresentaram o que estudaram, destacando pontos mais relevantes, discutindo-os com o formador. Em seguida tivemos um momento para esclarecer sobre a forma de avaliação dos cursistas, onde falamos sobre o portfólio e o projeto a ser desenvolvido em cada escola. Finalmente fizemos as considerações finais e avaliamos o dia, onde cada cursista destacou pontos positivos, negativos e sugestões para os próximos encontros.
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Professor reflexivo.

PROFESSOR REFLEXIVO


Texto escrito por Dinéia Hypolitto, ressaltando a necessidade de contínua reflexão, por parte do professor, sobre suas práticas de ensino.

Pensar é começar a mudar.
Todo ser, porque é imperfeito, é passível de mudança, progresso, aperfeiçoamento.
E isso só é possível a partir de uma reflexão sobre si mesmo e suas ações.
A avaliação da prática leva a descobrir falhas e possibilidades de melhoria.
Quem não reflete sobre o que faz acomoda-se, repete erros e não se mostra profissional.
No caso do professor, isso assume conotação mais grave.
Ele lida com gente, crianças e jovens que podem ser afetados por uma conduta inadequada e conceitos errôneos.
O professor prático reflexivo nunca se satisfaz com sua prática, jamais a julga perfeita, concluída, sem possibilidade de aprimoramento.
Está sempre em contato com outros profissionais, lê, observa, analisa para atender sempre melhor ao aluno, sujeito e objeto de sua ação docente.
Se isso sempre foi verdade e exigência, hoje, mais do que nunca, não atualizar-se é estagnar e retroceder.
A velocidade das mudanças, as exigências da tecnologia e do mercado de trabalho são tantas e tão rápidas que o profissional pode ser pego de surpresa em sua prática cotidiana.
Notícias, fatos, mudanças podem chegar à sala de aula pela boca dos alunos, sem que o professor tome conhecimento.
Quantas vezes, em alguns casos, o aluno supera o professor! Está melhor informado, conhece palavras e expressões modernas, sabe do último fato social ou político, não apresenta mais certos costumes e exigências.
O professor, fechado em si mesmo e confinado à sala de aula, às vezes, não percebe o mundo lá fora. Não tem tempo ou condições de acompanhar.
Daí, quando fala ao aluno, este não entende, mostra-se alheio e desinteressado diante de uma linguagem esquisita e arcaica.
Para cobrir essa lacuna e distância entre aluno e professor, só mesmo a reflexão: o que faço, o que digo tem ressonância, significado, importância para o aluno?
"Refletir sobre o próprio ensino exige espírito aberto, responsabilidade e sinceridade" (Zeichner, 1993:17)

Quem não reflete em sua prática frustra-se aumenta sempre mais o distanciamento com o aluno.
Embora não saiba expressá-lo, o aluno vive em um mundo todo seu, de sua idade e gosto: roupas, músicas, modas, linguajar, conceitos e práticas diferentes e até opostas às do mundo em que o professor vive e se formou.
Senão houver encontro, conhecimento, discussão, o professor se verá falando às carteiras, sem ouvintes que se interessem ou entendam.
"As práticas desenvolvidas sugerem que os formandos devem ser ouvidos.
Ninguém conhece melhor os problemas e as soluções alternativas do que aqueles que os experimentam". (Esteves, 1993:21).
A reflexão leva a repensar o currículo, a metodologia, os objetivos:
Quem é o aluno que está a minha frente, que quer, de que precisa, o que entende, qual a linguagem adequada para dialogar com ele.
Se o professor dá-se conta de que não está sendo entendido, cumpre-lhe investigar por que e proceder às mudanças necessárias.
O aluno não vai mudar: é fruto de seu tempo, tem suas características e necessidades. O professor é que terá que entendê-lo para educá-lo eficazmente. "
Cada um deve responsabilizar-se pelo seu próprio desenvolvimento profissional... A universidade pode, quando muito, preparar o professor para começar a ensinar." (ZEICHNER, 1993:17).
Uma das bases da educação é o diálogo e, no caso, saber ouvir.
Ouvir o aluno, deixá-lo expressar o que sente, pensa, quer já é um grande passo para entendê-lo e orientar ou reorientar a ação pedagógica.
O saudosismo, o desejo da volta a um mundo em que não havia contestação, o professor tinha status e era o centro da sala de aula, ditando normas, pontos e conceitos, não se coadunam com o professor reflexivo, homem de seu tempo, de passo acertado com a evolução que continua. Vasconcellos (1995:67) nos explica que: "O espaço de reflexão crítica, coletiva e constante sobre a prática é essencial para um trabalho que se quer transformador".
Para se chegar a um aluno crítico, observador, questionador, exigente, que cobra qualidade, que precisa ser formado cidadão, só mesmo um professor, ele também, crítico de sua ação e sempre pronto a questionar-se para progredir. Vasconcellos (1995:56) descreve a postura do educador:
Conhecer, acolher criticamente, buscar o aprofundamento da proposta da escola; Procurar unidade de ação com colegas; Postura de investigação em relação à sua disciplina; Abertura; não querer ser o dono da verdade; Ser observador; Saber ouvir; Confiar nos companheiros; Disponibilidade para aprender; Desenvolver a postura interdisciplinar.
Infelizmente, o aluno apático e passivo é filho do professor.
Este também, em muitos casos, tem se limitado a passar conteúdos, idéias, conceitos e normas, sem questioná-los nem vivenciá-los e, mesmo, sem entender o porquê de sua existência.
Repete-os, passa para a frente porque assim os recebeu, estão no livro didático, não questiona sua atualidade e conveniência.
Se foram úteis para uma época, não significa que não podem ser mudados. O professor sente "dificuldade em nadar contra a corrente (conflito de valores, visões de mundo)..., insegurança, receio de mudar, medo do novo" (Vasconcellos, 1995:19).
A avaliação da prática do professor deve envolver também o aluno.
Através de questionários abertos e livres, sem medo de ouvir a verdade; por meio do diálogo com a classe, permitindo ao aluno expor suas dúvidas críticas e propostas; da observação da postura e reação dos alunos em classe e dos resultados das avaliações; da leitura e reflexão de bons autores que discutem metodologia, princípios e fins da educação; da conversa e discussão com os colegas, enfim, o professor prático reflexivo deve estar aberto a quaisquer sugestões e críticas que o ajudem a repensar-se como profissional a fim de reformular e melhorar a sua prática.

Dinéia Hypolitto – Professora de Prática de Ensino e Coordenadora de Estágio da Universidade São Judas Tadeu (USJT) – SP. Mestre em Educação pelo Programa de Pós-Graduação em Educação e Currículo da PUC-SP. Supervisora aposentada da Secretaria de Educação do Estado de São Paulo.

Referências Bibliográficas
ESTEVES, Manuela & RODRIGUES, Angela. Análise das necessidades na formação de professores.Porto Editora, 1993.
VASCONCELLOS, Celso dos Santos. Para onde vai o Professor? Resgate do Professor como Sujeito de Transformação. São Paulo: Libertad, 1995. (Coleção Subsídios Pedagógicos do Libertad; v. l).
_______. Construção do conhecimento em sala de aula. São Paulo: Libertad, 1995 (Cadernos Pedagógicos de Libertação).
ZEICHNER, Kenneth M. A Formação Reflexiva de Professores: Idéias e Práticas. Lisboa: EDUCA, 1993.




 
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